domingo, 7 de novembro de 2010

Problemas com Demi mostram os riscos do estrelato teen

Em "Sunny, Entre Estrelas", Demi Lovato interpreta uma garota do interior que vence um concurso para se tornar a atriz principal de um programa de humor. Ela tem de lidar com uma colega de trabalho invejosa, poucas cartas de fãs e os perigos de namorar uma celebridade, entre outras situações apenas conhecidas por uma estrela em ascensão.

Mas uma faceta desse ramo que não é explorada no programa é o lado negro do estrelato teen. A questão veio a tona esta semana com a crise na vida pessoal de Demi Lovato que a forçou a deixar a turnê com os Jonas Brothers e a buscar tratamento para "problemas físicos e emocionais". Pessoas próximas à cantora, que falam em condição de anonimato, dizem que ela lutou contra problemas alimentares e de auto-mutilação.

Esses problemas se tornam mais comuns conforme um crescente número de programas de TV colocam jovens nos holofotes, de acordo com pessoas que trabalham com jovens atores.

Hoje, as gigantes da mídia criaram uma inteira indústria direcionada a um público de 20 milhões de crianças entre 8 e 12 anos nos EUA, que influenciam um gasto anual nas famílias americanas de 43 bilhões de dólares. O crescimento no número de programas assim em canais como Disney Channel e Nickelodeon aumentou a exigência por crianças e adolescentes atores.

Hoje, as gigantes da mídia criaram uma inteira indústria direcionada a um público de 20 milhões de crianças entre 8 e 12 anos nos EUA, que influenciam um gasto anual nas famílias americanas de 43 bilhões de dólares. O crescimento no número de programas assim em canais como Disney Channel e Nickelodeon aumentou a exigência por crianças e adolescentes atores.

"Você ainda verá muito disso", disse o ex-ator infantil Paul Petersen, que hoje chefia a A Minor Consideration, uma entidade destinada a oferecer ajuda a jovens artistas.

Petersen não é o único preocupado: o pai de Demi, Patrick Lovato, disse ter ficado preocupado de que sua família não conseguisse lidar com as pressões de ser uma jovem estrela. Mas ele disse nunca ter discutido isso com a mãe da garota, Dianna De La Garza.

"Guardei essas impressões para mim mesmo porque Dianna estava tão empolgada, que eu não queria 'cortar o barato' de ninguém," disse Patrick em entrevista por telefone. "Mas sempre que olho para trás, me vejo preocupado. Porque nessa idade, isso é muito difícil. Ela trabalha 300 dias por ano em turnê, e quando você volta, tem todos os trabalhos de promoção. Tenho certeza que ela vê as coisas que perdeu, colegas de escola e coisas assim."

Enquanto se recusa a comentar especificamente a situação de Demi, a porta-voz do Disney Channel Patti McTeague disse que ser vigiado 24 horas por dia pela mídia pode aumentar os problemas de qualquer ator, especialmente um adolescente.

"Muito do que eles dizem e fazem, especialmente na sua vida particular, é divulgado e transmitido para milhões de pessoas, ainda mais com a Internet," disse ela. "Ninguém, ninguém pode viver sob os holofotes por muito tempo e não sofrer o impacto disso de algum modo. Cada um lida com isso de uma maneira diferente."

A Disney, como a Nickelodeon, oferece um curso para preparar jovens talentos para a pressão que podem sofrer no futuro, como ser reconhecidos na rua e lidar com sua imagem online. O curso da Disney inclui um psicólogo e aborda a preocupação com a privacidade, cuidar de si mesmo fisicamente e emocionalmente e questões de segurança.

O Disney Channel instituiu o curso depois de uma foto nua de Vanessa Hudgens ter começado a circular na internet em 2007, levando a atriz a fazer um pedido público de desculpas.

Além disso, sites de fofoca se alimentam dos menores detalhes das vidas das celebridades teen e tiram a privacidade deles. E redes sociais como o Twitter e o Facebook tornam possível para qualquer um que inveje o dinheiro, a fama ou o estilo de vida de um jovem artista, divulgar comentários terríveis.

"No passado, superestrelas viviam numa 'bolha'. Agora, eles estão conectados 24 horas por dia às coisas que as pessoas dizem sobre elas e você tem pessoas falando coisas horríveis em qualquer lugar," diz Perry Aftab, advogado especialista em crime e segurança virtual. "Como uma adolescente, você ainda tem as questões da aparência e auto-estima, então quando acrescenta a isso o Twitter e o Facebook, um milhão de pessoas dizendo no Youtube que você engordou na última semana, e quando você procura a si mesma no Google, pode ser terrivelmente esmagador."

Selena Gomez, por exemplo, aparenta tem evitado as armadilhas de ser famosa e guardou a lição da Casa do Mickey bem de perto. Ela usa com discrição o Twitter, onde ela na maioria das vezes escreve apenas sobre questões relacionadas ao trabalho.
Demi não exerceu a mesma restrição, oferecendo revelações pessoais na sua página do Twitter, que ela deletou repentinamente no último mês sem explicação. Suas mensagens anteriores sugeriam que ela estava deixando as "pedras atiradas" online chegarem a ela. "Eu amo como alguns sites de fofoca deliberadamente postam fotos minhas em ângulos desagradáveis", ela escreveu ironicamente em Outubro.

Apesar de não estar inteiramente claro qual seja a origem dos problemas de Demi Lovato, pessoas próximas à cantora alegam que a razão pode ter sido o estresse experimentado por Demi em ver seu ex-namorado Joe Jonas com sua nova namorada, a estrela de "Crepúsculo" Ashley Greene.

Carolina Lightcap, presidente da rede mundial Disney Channel, disse durante entrevista coletiva esta semana que a produção de "Sunny Entre Estrelas" está marcada para retornar em Janeiro. "Obviamente, se for preciso mudar os planos, nós mudaremos. Nós queremos que ela fique bem", disse Lightcap.

Dr. Robin L. Kissell, diretor clínico da Clínica de Distúrbios de Personalidade Bordeline, da UCLA, disse que pacientes que se cortam são sobrecarregados emocionalmente, e que para eles a única forma de liberarem sua dor é torná-la física. Segundo ele, "se cortar às vezes ocorre em face de alguma experiência de perda, seja a da auto-estima ou de um relacionamento muito importante."

Dr. John Sharp, diretor médico da Bridges to Recovery, centro de tratamento psiquiátrico de Los Angeles, disse que a Disney deveria oferecer alguma forma de terapia confidencial para suas jovens estrelas para que aprendam a lidar com a ansiedade. "Você precisa desabafar com alguém que entenda o estresse que você enfrenta - como um grupo confidencial de outros atores", sugere ele.

No momento, a responsabilidade principal recai sobre os pais, agentes e empresários que deveriam cuidar dos melhores interesses do jovem artista. A Disney afirma aderir às leis trabalhistas da Califórnia, que estabelecem limites de horas de trabalho e educação obrigatória para jovens atores. Mas às vezes, algo escapa à rede de segurança.

"Alguns desses jovens atores começam a ser pegos pela máquina do show-business", disse John Kirby, instrutor de atuação que já atuou com jovens artistas em vários filmes. "A visibilidade é tão grande que, honestamente, não estou surpreso de que tantos deles tenham problemas."

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